17.08.15 Saudade

                      

A saudade...  

A saudade tem idade? Ela é alta ou baixa? morena ou loira? gorda ou magra?

                  A saudade tem todas as idades do mundo. Tem todas as estaturas, todas as cores e cheiros, todos os tamanhos e formatos. Ela pode ser pequena, média, grande ou infinita.

 Não importa o tamanho da saudade... sempre é saudade.

 Às vezes ela é doce e suave, tem cheirinho de encontro e gosto de quero mais. Outras vezes é avassaladora, cortante, e causa dor, muita dor....

Pode ser tranquila como as águas límpidas de um lago, ou tempestuosa como as cachoeiras de um rio caudaloso ou as ondas de um mar bravio. Mas todas são infinitas como as águas de um rio que sempre deságua no mar....     

 A saudade que Joaninha sente hoje não é calma, é tempestuosa , grande, profunda e parece engoli-la por inteiro.                                                                                                                                                   Parece um abraço apertado de uma máquina que fere e tortura.  Essa saudade machuca, machuca e machuca, arranca lágrimas profundas como profundos também são seus suspiros entrecortados.            Saudades dele e ao mesmo tempo muita raiva dele. Saudade de quando fora amada, talvez por pouco tempo, mas amada, cortejada e conquistada. Na verdade Joaninha sente saudade do que lhe foi tirado, sente saudade de um amor, sente falta de alguém para amá-la, que a ame de verdade.                             Porque tudo que ele fez não se parece nem de longe com amor, todo o mal que ele lhe causou, só não a matou porque o Criador não deixou.                                                                                                  Joaninha tem o coração transbordando de amor, mas não concorda com certas idéias; não passa por sua cabeça ter outro homem em sua vida. acredita no que o Livro da Vida diz e quer fazer como ele ordena.  pensa e pensa, aos seus olhos parece impossível que aquela pessoa mude, melhore, mas... para Aquele que criou todas as coisas e todas as criaturas, nada é impossível.  Joaninha queria que o Senhor Criador  tirasse-o, arrancasse-o definitivamente de sua mente e de seu coração, para não sofrer mais, não se decepcionar mais e não sentir tanta saudade  do que foi bom ( no meio de tanta coisa ruim) e que não volta mais.                                                                                                                   Ela sabe que não pode se entregar a essa dor, tem que se levantar, reagir.  tem que lutar, por ela e por suas crianças que já não são tão criancinhas, mas precisam de seu exemplo, ela precisa ser o espelho, e que reflita um boa imagem.                                                                                                      Mas nesse momento Joaninha chora, sente dor, sente solidão e, mais que tudo, sente muuuita saudade...                                                                                                                                                 Amanhã ela poderá estar diferente, melhor, mais determinada e forte.... mas hoje, hoje é só SAUDADE.  Saudade grande, profunda, monstruosa e avassaladoramente sufocante como as águas de uma gigantesca cachoeira que cai e cai tortuosa num rio  caudaloso, cheio de curvas e águas bravias....                                                                                                                                                                                 

Cansada...
Cansada...
Cansada...
Não somente o corpo,
... mas a mente, e
... o coração.
cansaço físico, mental, emocional.
exausta de lutar.
Será que Joaninha está lutando errado, lutando com as armas erradas, fazendo tudo errado?
Ela acha que sim, que não deve lutar sozinha.
Está cansada, vai deixar o Senhor Criador lhe orientar e, por que não lutar por ela?
Ela disse a ele que vai deixa-lo lutar por si.
Disse a ele que, se não vê mudança alguma do outro lado, da outra parte, melhor é ela mesma mudar então...  Pediu então ao Senhor Criador nessa madrugada,  no frio, ajoelhada numa cadeira na lavanderia: se ele não quer mudar, mude a mim Senhor, mude minha vida, minhas atitudes, tudo que for preciso...
Mude-me Senhor.

Mais uma vez.....

Mais uma vez.... palavras ásperas, ofensivas...
Por telefone ele lhe responde mal, e ela sofre, a ferida novamente sangra dentro de si...
Não lhe responde com paciência, carinho... não!
Parece querer se aparecer para a pessoa que almoça ao seu lado, e trata a esposa com desdém e rudeza.
Ela se sente envergonhada, mesmo não estando vendo o rapaz que almoça ao lado de seu marido, e mesmo ele não podendo vê-la.  Não a vê, mas ouve o que lhe diz e a forma como lhe trata, rudeza, grosseria, desprezo e até mesmo nenhuma educação aparente.
Ela lhe fez poucas perguntas, e simples...
 Mas ele lhe responde muito mal, ela não acredita que ele a destrata assim na frente de um desconhecido, deve ser realmente para aparecer.  Mostra com isso que não tem amor pela esposa, que ela não significa nada para sí... O outro deve pensar; Ah se ele trata a mulher assim, é porque ela é muito chata, ou porque não a ama, ou deve estar engraçado por outra.... Sei lá o que pode pensar.... E após desligar o telefone, o que comentam???
Ela sente vergonha sim, sente-se mais achatada que uma barata...
Sente-se mal amada, desprezada, sem valor algum...
Desliga o telefone móvel e ajoelha-se, -se na  cama e chora... chora...
E chorando fala consigo mesma e com Deus: 'Por que ainda estou com ele, por quê?? Olha só como ele me trata. Preciso de $, preciso sair daqui, preciso deixar esse homem que só me faz sofrer, dia após dia... Ajuda-me meu Deus!!!
E as lágrimas rolam... ... ... ... ...

Ai, ai, ai...

Joaninha não quer sair de casa.

Não, quer, não quer não quer...

1º dia de inverno, chuva, frio, céu nublado e cinzento.

Ela vê a previsão de tempo na TV; nada de sol nem estiagem, chuva e frio é o que virá.

Ai...

Quer ficar em casa no aconchego quentinho e escrever, escrever, escrever e organizar seus estágios concluidos e incompletos.

Mas...

...Ela tem que sair, PRECISA sair, levar filha no colégio, ir á feira e/ou estágio. O que fazer? Fazer o quê?

Jogar p lado todo desânimo, todo frio... se preparar e... SAIR!!!

Mas que droga!!!!

Joaninha saiu bem cedo com seu marido e foi ao centro da cidade.

Andaram um pouco... foram a um lugar onde tinha muitas lojas parecidas; lojas de instrumentos musicais. Instrumentos os mais variados possíveis: cordas, metais, teclados, percussões, etc.

Ele levou um instrumento seu para concertar...

Tudo OK.

Mas na volta... Passaram por um lugar que Joaninha não acreditava estar vendo, não achava possível aquilo ser real. Já ouvira falar, até vira pela TV algumas vezes em reportagens... mas nada se comparava à realidade daquelas cenas. Cenas grotescas, que fizeram o coração de Joaninha sair do peito, se esparrar assustado pela calçada suja e depois... voltar p dentro do peito e sangrar em meio a grandes soluços desesperados.

Ela viu farrapos humanos de todas idades se arrastando em meio ao lixo, em meio à lama. Sem rumo, sem direção.

Crianças, jovens, adultos e velhos desfigurados pelo vício, com olhares parados, vidrados, se escondendo ou tentando... outros deitados em cobertores pútridos sem forças p se mover. Mas a maioria acendendo cachimbos com a maldita droga... Não era um, nem dois, nem três. Era uma pequena multidão em cada canto.

Meu Deus, eles precisam de Tí!!! _ foi o que Joaninha balbucionou, chocada e delicadamente puxada pela mão firme do marido.

Ela começou a falar com ele que ela, eles, a Igreja e os governantes nada estavam fazendo por aqueles seres necessitados de ajuda, por aquelas almas carentes de Deus e de salvação...

Tudo começou a ficar distante, eles continuaram zanzando sem rumo, ou rumo a lugar nenhum... E as pessoas passavam por eles como se fossem tbém um pouco do lixo que nas calçadas jaziam. Ou pedaços do cimento sujo da própria calçadas.

Vistos; mas ignorados e esquecidos... e evitados como lepra.

Joaninha caminhava sem nem sentir... Passou por ela um jovem oriental de boa aparência e mais outros dois na frente, ambos fumando maconha com total normalidade.

Ela já ouvira falar, mas nunca tinha visto de perto: A Cracolândia.

Aquilo era uma grande droga, nos dois sentidos.

Preocupações Mil

Tantas, quantas, muitas.

Preocupações mil...

de todos os tipos, por vários motivos; elas aparecem e não vão embora.

No Livro da Vida está escrito:" Não se preocupem com a comida e com a bebida que precisam para viver nem com a roupa que precisam para se vestir.

Afinal, será que a vida não é mais importante do que a comida? E será que o corpo não é mais importante do que as roupas? Vejam os passarinhos que voam pelo céu: eles não semeiam, não colhem, nem guardam comida em depósitos.No entanto o Pai de vocês, que está no céu, dá de comer a eles. Será que vocês não valem muito mais do que os passarinhos? E nenhum de vocês pode encompridar a sua vida, por mais que se preocupe com isso.

__ E Por que vocês se preocupam com roupas? vejam como crescem as flores do campo: elas não trabalham, nem fazem roupas para si mesmas. Mas eu afirmo a vocês que nem mesmo Salomão, sendo tão rico, usava roupas tão bonitas como essas flores. É Deus quem veste a erva do campo, que hoje dá flor e amanhã desaparece, queimada no forno. Então é claro que ele vestirá também vocês que Têm uma fé tão pequena! portanto, não fiquem preocupados , perguntando: "Onde é que vamos arranjar comida?" ou "Onde é que vamos arranjar bebida?" ou "Onde é que vamos arranjar roupas?"Pois os pagãos é que estão sempre procurando essas coisas. O pai de vocês que está no céu, sabe que vocês precisam de tudo isso. Portanto, ponham em primeiro lugar na sua vida o reino de Deus e aquilo que deus quer, , e ele lhes dará todas essas coisas. Por isso não fiquem preocupados com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã trará as suas próprias preocupações. Para cada cada dia bastam as suas próprias dificuldades." __ Mat 06:25- 34

O Natal de Joaninha

O Natal de Joaninha foi feliz.

Ela queria muito estar com sua mãezinha nesse dia, mas não estava.

Ela não comprara roupas novas, usava um vestido vermelho, conservado mas já possuindo alguns anos; usava uma sandália dourada que parecia novíssima, mas tinha mandado pintar; e seu cabelo dourado estava natural, sem ter sido escovado.

Após o culto maravilhoso na casa de oração e os cumprimentos dos amados amigos, foi com o marido e crianças para a casa do sogro. Lá encontrou cunhados, cunhadas e seus filhos, e os sogros...

Houve a distribuição dos presentes, revelação dos amigos secretos e muitas risadas. ... Joaninha ganhou uma bolsa como desejava; e era dourada.

Após os cumprimentos e a correria na sacada p ver os fogos... A Ceia começou, e tudo esta delicioso...

Foram dormir madrugada avançada.

Joaninha não ganhou e nem deu presentes, não comprou jóias, roupas novas ou calçados... e tbém não se preocupou se tivesse comida qualquer coisa...

Seu Natal particular estava completo. Estava com seu marido e suas crianças, e, o mais importante ela sabia: Jesus nasceu para trazer salvação a todos os homens, inclusive à ela. Nessa noite ele nascera novamente em seu coração...

Natal= Nascimento

Natal= salvação e Redenção